Os Cheiros , por Danuza Leão
Cheiros podem ser alegres ou tristes. Era muito bom quando se entrava em casa depois do colégio, logo antes do almoço, e se sentia o cheiro do refogado – alho, cebola e tomate – para fazer o picadinho ou o bife de panela enrolado no bacon e preso por um palitinho. Quantos segundos você leva para atravessar o tempo e voltar aos seus 11 anos?
Lembra quando há muitos, muitos anos, você ia passar as férias na fazenda? Ah, uma fazenda tem aromas absolutamente inesquecíveis: o do capim, o da terra depois da chuva, o do estábulo onde se ia de manhã bem cedo tomar o leite tirado da vaca, ainda morno, numa canequinha de alumínio. E o cheiro da tangerina? Aliás, tangerina não, mexerica; aquela pobrinha, modesta, de casca fina, que deixava a mão cheirando durante três dias.
Esse é um cheiro muito alegre. O cheiro do bolo saindo do forno é para sempre – bolo de tabuleiro, cortado em losangos, com cobertura de açúcar com limão, e um detalhe precioso: naquele tempo, por mais que se comesse não se engordava, e em cima da mesa havia sempre um vidro de fortificante para abrir o apetite. Que felicidade ter tido uma infância no interior! Mas existem outros aromas não ligados ao paladar e também inesquecíveis.
O cheiro do mar quando se chega em Salvador – uma licença poética, com licença. E você já teve uma tia-avó que morava numa casa bem arrumada, cujo assoalho era encerado toda semana? O brilho era dado a mão, com uma escova de cabo alto como uma vassoura, e era chegar e ouvir: “Cuidado para não escorregar”. Que cheiro limpo, honesto, que cheiro de gente direita. Será que isso ainda existe?
Mas há também os cheiros angustiantes: os de hospital, de sala de cirurgia.
Muito cheiro de flor você sabe o que lembra – melhor não falar disso.
E existem os perfumes ricos: de carro novo, de um bom fumo de cachimbo. E vamos combinar: cheiro de alho é bom na cozinha, de sexo no quarto, e é proibido misturar. Por falar nisso, o cheiro do homem que se ama, depois do amor, é melhor nem lembrar para para não desmaiar de saudade.
As cidades também têm seu cheiro, cada uma muito particular: se você for levada, de olhos vendados, para o Bloomingdale’s, sabe na hora que está em Nova York. E se respirar um aroma de cominho misturado a curry e a canela vai saber que está no souk de Marrakesh.
Mas existe um cheiro que só as mulheres conhecem. É o que elas sentem quando estão enxugando seus bebês depois do banho. É preciso que não haja uma só pessoa por perto num raio de
Porque esse é o cheiro da vida.
Bjssss....
7 comentários:
E eu não consegui ir na loja hoje buscar os cheirinhos Be. que eu quero.
Fiquei enrolada com as meninas para variar.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/
ELIANE,
LINDO TEXTO. VOLTEI NO TEMPO. REVIVI CHEIROS
PERDIDOS NO PASSADO E ME EMOCIONEI.
um bj
SONIA DE SÁ do blog:
quartosdebebebysoniadesa.blogspot.com
Eliane,
Como você tem passado? Estava com saudades suas. E as dores, continuam?
Beijos e que 2011 seja maravilhoso e sem dores para nós duas, rs.
cheirinhos, humm, coisa mais gostosa que acho é quando entro numa casa e tudo esta bem limpinho e cheiroso ... amo os cheirinhos
otimo dia
Ah! Eliane, coisa boa vc estar de volta e postando graciosidades assim. Esse post, realmente nos remete ao passado.Se eu ficar falando não páro mais, então vou lhe dando aquele abraço, desejando que seu anjo protetor cuide da sua dor e a leve embora. Beijão!
oii miiiiga- vim ver se está melhor já- sumiu da blogosfera- tá te cuidando direitinho?
adorei este texto e o post anterior também-
eu estou mofando aqui com as chuvas
bj
lu
Lindo!!
Adorei! Énquanto lia relembrei vários cheiros, e dois vou dizer agora - O perfume do sabonete na minha lua de mel...é só sentir o cheiro volto a 28 anos atráz, rapidinho.
E o cheirinho dos meus filhos ainda bebê...estes são inesquecíveis!
beijinho
Tina (SONHAR E REALIZAR)
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